Dados
- Código: BibInt D01
- ECTS: 6
- Área curricular: Bíblia e Interpretação
- Nível: Especializado
- Regime: 4.º Módulo
- Precedências obrigatórias: Não aplicável
Descrição de Disciplina
Correlação entre hermenêutica bíblica e metodologia exegética, incidindo em temas e tendências para maior compreensão dos textos bíblicos.
Grande Finalidade
Transmitir o saber necessário à reta interpretação do texto bíblico e habilitar para a exposição dos princípios e valores do mesmo, no seu contexto e face às problemáticas humanas da atualidade; desenvolver competências metodológicas de leitura que sejam as mais adequadas e relevantes para a interpretação, compreensão e aplicação da mensagem bíblica.
Finalidades
Conhecimentos (SABER):
- Hermenêutica e exegese: teoria e prática da interpretação;
- Fundamentos históricos da hermenêutica bíblica;
- A tarefa hermenêutica: intenção e sentido; sentido e significado; significado semântico e efeito pragmático; significado e contexto;
- O código hermenêutico: um código integrado de interpretação;
- A matriz retórica do código hermenêutico: fundamentos teóricos da hermenêutica na retórica; da retórica à hermenêutica retórica; o modelo interpretativo da hermenêutica retórica;
- Hermenêutica aplicada: os diferentes géneros literários da Bíblia;
- A tarefa exegética da interpretação: preparação para a exegese; exegese sintática e semântica; exegese retórica e literária;
- Exercícios de exegese.
Valores e hábitos (SABER SER/ESTAR)
- A expressão estoica Εὖ λέγειν: só fala bem quem pensa bem, e só pensa bem quem é bom. A proclamação da Palavra só é boa e dá bons frutos quando: é bíblica, integral e rigorosamente fiel ao texto; quando se pensa e interpreta em plenitude sob a iluminação do Espírito Santo; quando é transmitida por quem cultiva e bondade e a misericórdia e vive a mesma Palavra; por quem lhe dá voz na unção do mesmo Espírito Santo;
- Ser e estar na Palavra é viver segundo a Palavra, é digerir bem a Palavra, é exercitar-se tanto no estudo diligente da Palavra que o hábito de a estudar hermenêutica e exegeticamente a fundo se transforma em segunda natureza.
Aptidões e capacidades (SABER FAZER)
- É na pregação ou exposição da Palavra que se reflete e projeta, ou não, “o saber fazer”.
- Saber pregar não é o mesmo que ser bom orador, que saber pegar num texto como pretexto para depois dizer umas larachas que pouco e nada têm a ver com o texto da santa Palavra de Deus.
- Saber pregar é “manejar bem a Palavra da Verdade”; “manejar”, digo, e não “manipular” ou “travestir” a Palavra de Deus.
- Saber pregar é produto natural do labutar constante na interpretação da Palavra pelo exercício exegético da mesma segundo as regras, e conhecendo tudo o que é possível da linguagem humana em termos de gramática, sintaxe, semântica e pragmática, intenção, sentido e propósito do texto que a mensagem se propõe aplicar. E ficamos sempre com a sensação que é possível fazer melhor. Por isso que, subirmos ao púlpito, o fazemos sempre com temor e tremor.
Filosofia Educacional
O professor não pretende meramente transmitir saber, mas sobretudo conduzir os alunos à descoberta do saber, à cultura e prática de competências que progressivamente o habilitem a ler, aprofundar, entender, interpretar, expor e aplicar uma mensagem qualquer do texto bíblico. Partindo de uma teoria geral da interpretação para a leitura inteligível do texto, teoria hermenêutica e prática exegética se cruzam e materialmente concorrem para uma leitura bíblica cada vez mais fecundante. A materialização germinal do código interpretativo resulta da conflagração convergente de um número significativo de abordagens e métodos de leitura que viabiliza a extraordinária aventura de mergulhar no mundo do texto bíblico para dele extrair toda a riqueza semântica da mensagem que também a nós pretende transmitir. E isso significa que a abordagem que se pretende aprofundar no desvendar da verdade bíblica é uma abordagem integrada que resulta da intersecção interativa dos três mundos em que o texto bíblico se encontra imerso: o mundo do autor, que dá sentido ao texto; o mundo do texto, que encarna os padrões de sentido pretendido, contemplados na intenção do autor e por ele veiculados; e o mundo do leitor, que lhe capta o significado, o apropria e aplica.
Reconhecendo que, por mais completa e bem conseguida que seja a exegese de um texto, dificilmente a sua interpretação nos levará a uma compreensão ideal e final, tudo haveremos de fazer mesmo assim para sentir e pensar o texto bíblico como o sentiu e pensou o seu autor original e como o sentiram os seus primeiros leitores.
Por tudo isto, o professor não é um mestre que tudo sabe e ensina, mas o colaborador que interage com os seus alunos investido de humildade intelectual e rigor científico. A sua missão cumpre-se, não tanto no transmitir do saber, mas sobretudo em mobilizar um processo de ensino-aprendizagem que culmine na formação e edificação amadurecida dos seus alunos; na sua capacitação para ler, analisar, estudar, entender e interpretar o texto bíblico, sempre como aprendente e nunca como crítico.
Obras Fundamentais
ALEXANDRE JÚNIOR, Manuel – Exegese do Novo Testamento: Um Guia Básico para o Estudo Bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2016.
ALEXANDRE JÚNIOR, Manuel – Hermenêutica Bíblica. Lisboa: Sociedade Bíblica, 2010.
ALEXANDRE JÚNIOR, Manuel – Paulo aos Gálatas: Carta Magna da Identidade Cristã. Lisboa: Cebapes, 2017.
GORMAN, Michael J. – Introdução à Exegese Bíblica. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.
KÖSTENBERGER, Andreas J. e PATTERSON, Richard D. – Convite à interpretação bíblica: a tríade hermenêutica – história, literatura e teologia. São Paulo: Vida Nova, 2015.
OSBORNE. Grant R. – A Espiral Hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009.
STEIN, Robert H. – Guia Básico para a Interpretação da Bíblia: interpretando conforme as regras. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.