Dados

  • Código: AnCSR A01
  • ECTS: 5
  • Área curricular: Análise Cultural, Social e Religiosa
  • Nível: Básico
  • Ano/Semestre: 1º. 1º
  • Precedências: Nenhuma

Descrição de Disciplina

A disciplina incidirá na cosmovisão manifestada pelos povos ditos “Ocidentais” como condição simultaneamente de contacto e de afastamento da mensagem do Evangelho, entendendo a noção de cosmovisão, sua importância, génese e influência enquanto condicionante da receção à mensagem cristã, ela própria uma cosmovisão propriamente dita. Para tal estudaremos não só a estrutura das cosmovisões como também, e principalmente, o seu desenvolvimento mediante análise do percurso filosófico Ocidental. A compreensão daí decorrente fornecer-nos-á as ferramentas necessárias para a compreensão do como e porquê do agir e pensar da Europa atual em relação aos temas teológicos fundamentais. A partir de uma compreensão mais profunda e fundamentada dos grandes elementos identificadores da cosmovisão e cultura contemporânea, reconheceremos as suas lacunas, contradições e impasses em contraste com a contracultura que a cosmovisão cristã representa.

Grande Finalidade

Compreender as origens e estrutura da atual cosmovisão Ocidental, sua importância enquanto formadora do agir e pensar das sociedades contemporâneas, sua influência na compreensão e reação ao Evangelho de Cristo, assim como as divergências existentes relativamente à cosmovisão cristã.

Finalidades

Conhecimento (Saber)

  • Conhecer o significado de cosmovisão e suas especificidades
  • Identificar a diversidade de cosmovisões existentes e suas características
  • Identificar o cristianismo como uma cosmovisão específica
  • Distinguir compreensões pessoais do Evangelho de cosmovisão cristã
  • Compreender as origens das cosmovisões Ocidentais e sua intrincada rede de relações
  • Estabelecer a relação entre a evolução do pensamento e evolução da estruturação das mundividências
  • Reconhecer as origens filosóficas por detrás das diferentes cosmovisões
  • Apreender os pontos de contato existentes entre as cosmovisões atuais e a mensagem do Evangelho
  • Diferenciar os valores apresentados pelas diferentes cosmovisões e a radicalidade contra-cultural do Evangelho

Aptidões e capacidades (Saber Fazer)

  • Identificação de premissas e axiomas por detrás de uma cosmovisão
  • Reconhecimento da transversalidade das conceções filosóficas mais importantes
  • Identificação dos cruzamentos existentes entre diferentes cosmovisões no atual mundo globalizado
  • Desconstrução de cosmovisões pessoais através do diálogo
  • Utilização adequada da compreensão da ‘cosmovisão cristã’ como resposta às oportunidades e desafios levantados por outras cosmovisões
  • Identificar os problemas inerentes a uma cosmovisão não-cristã e saber integrar a mensagem de Jesus como resposta aos mesmos

Valores e Hábitos (Saber Ser/Estar)

  • Ser humilde diante da nossa pessoal e subjetiva conceção de “cosmovisão cristã”
  • Reconhecer no pensamento não cristão não só a manifestação da natureza caída mas a imagem e semelhança de Deus em contato com a mensagem do Evangelho
  • Revelar sensibilidade para percecionar quanto de nossas opiniões e conceções estão fundadas nas diversas influências que a(s) nossa(s) cosmovisão(ões) possa ter recebido
  • Viver a exortação do apóstolo Paulo na Epístola ao Romanos: «E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus» (12:2)
  • Divulgar o Evangelho de Cristo levando em consideração as cosmovisões dos interlocutores

Filosofia Educacional

Na perspetiva de que as cosmovisões operam por axiomas inconscientes, a aprendizagem incidirá num primeiro plano na condução do aluno à autoperceção das matrizes culturais que lhe servem de estrutura organizativa do mundo percecionado. Para isso o aluno será confrontado com as suas pressuposições (pré-conceitos) e orientado na desconstrução das mesmas a partir da análise prática das suas crenças em confronto com cosmovisões alheias através do diálogo em aula e entrevistas intencionais a pessoas que não partilhem da fé cristã, atividades sempre mediadas por Romanos 12:1-2 e pelo princípio proposto pelo orientalista e missionário David Burnett: “quem só conhece a sua cosmovisão não conhece nenhuma nem mesmo a sua”. A partir da aprendizagem das funções das cosmovisões e após atingido o objetivo inicial, seguir-se-á a análise da atual cosmovisão presente na sociedade Ocidental, à qual Portugal e a Europa pertencem. Considerando a celeridade do processo de transformação das sociedades hodiernas e de modo a garantir que o aluno desenvolva uma autonomia para análise do pensamento e cultura contemporâneas futuras, estudar-se-á o desenvolvimento da filosofia/pensamento europeu desvelando as raízes, conexões e cruzamentos que poderão explicar a estrutura geral da atual cosmovisão Ocidental, em temas pertinentes para uma formação teológica eficaz no diálogo com a sociedade. A utilização constante da análise de obras cinematográficas insere-se, pois, nesta filosofia educacional pois estas continuam a ser o maior veículo de formação e transformação das cosmovisões hodiernas. De modo a estimular e garantir uma maior eficiência dos conhecimentos adquiridos, utilizar-se-ão diversos modos de avaliação desde apresentações orais, trabalhos práticos concretizados em igrejas locais e exames escritos.

Obras Fundamentais

BAUMAN, Zygmund – Amor Líquido: Sobre a fragilidade dos relacionamentos humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004

GAARDER, Jostein – O Mundo de Sofia. Lisboa: Editorial Presença, 1995.

GODAWA, Brian – Cinema e Fé Cristã, vendo filmes com sabedoria e discernimento. Viçosa: Editora Ultimato, 2004.

KELLER, Timothy – Falsos Deuses. Lisboa: Edições Paulinas,2012.

LIPOVETSKY, Gilles – A Era do Vazio, Ensaio sobre o Individualismo Contemporâneo. Lisboa: Relógio d’Água Editores,1989.

LIPOVETSKY, Gilles e CHARLES, Sébastien – Os Tempos Hipermodernos. Lisboa: Edições 70, 2011.

SCHAEFFER, Francis – Como Viveremos? São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2013.

SMITH, James K. A. – How (not) to be Secular: Reading Charles Taylor. Grand Rapids: Eerdmans, 2014.

SPROUL, R. C. – Filosofia para Iniciantes. São Paulo: Vida Nova, 2002.